Repensar as normas e papéis sociais aprendidos são cruciais neste processo contínuo de desenvolvimento pessoal chamado de individuação, conceito formulado pelo autor Carl Gustav Jung.
Partindo da introdução ao tema realizada no texto "O excesso de coletivo aliena: a Individuação em Carl G. Jung" - e inclusive se você ainda não leu sugiro que separe um tempinho para fazer esta leitura pois lá destaco pontos importantes deste processo - aqui neste texto você verá como que pode se dar este repensar tudo isto, o que seria importante considerar e os possíveis benefícios desta reflexão:
REFLETINDO SOBRE AS NORMAS
Veja bem, conforme crescemos e amadurecemos é importante revermos e refletirmos profundamente sobre estas normas aprendidas para que, ao segui-las, seja porque é uma escolha autêntica, fruto de uma reflexão consciente.
Passe a ser algo que estará bem enraizado em nós e passou a ser uma escolha: eu deixo de seguir aquela norma porque me falaram para segui-la e passo a aplicá-la porque eu escolhi aplicá-la, deixa de ser um “eu tenho que” e passa a ser “eu escolho”.
REPENSANDO OS PAPÉIS SOCIAIS
Este movimento de refletir também é importante com os papeis sociais aprendidos. Estes são muito importantes para a convivência em sociedade porque são uma forma de nos adaptarmos às situações, selecionando conscientemente qual atitude irá ter e qual não irá ter a depender da situação. Por exemplo, você pode mostrar uma atitude mais descolada quando com amigos e outra mais responsável quando no trabalho.
O perigo é quando engessa estes papéis sociais de uma maneira que, como consequência, a sua essência é sufocada. Pois estes papéis sociais, ou personas, por mais que sejam importantes não correspondem necessariamente à quem nós somos verdadeiramente, mas a quem nós mostramos ou acreditamos ser – uma máscara social (JUNG, vol. 6, p. 426).
Então, quando a gente se fixa em papéis sociais específicos e rígidos a gente se limita e reprime quem realmente somos. Repensar estes papéis é repensar quais atitudes você aprendeu que eram mais adequadas de mostrar ao mundo, e aproximá-las mais de quem você é, ajustá-las a depender do que você acha que faz sentido.
Um exemplo básico, pode ser que você tenha entendido que dizer "não" é ser uma pessoa má e, então, assumiu uma máscara social que só diz "sim" para ser uma boa pessoa. Isto provavelmente te causou algumas chateações: é complicado dizer "sim" a contragosto, né?!
Mas repensando isto hoje, você pode se dar a chance de modificar esta atitude para poder ser mais sincero consigo mesmo e permitir-se dizer "não" de forma respeitosa e consciente quando sentir que é preciso.
PARA FINALIZAR
Como visto acima, vamos neste primeiro momento nos encaixando no coletivo, aprendendo a fazer parte e isto é sim importante, só complica quando ficamos restritos a isto: a ser mais um na massa.
Quando nos propomos a seguir esta jornada de ir se individuando, se desenvolvendo, nós estamos buscando nos diferenciar da massa num movimento de “já aprendi a me adaptar à sociedade, agora o próximo passo é eu me tornar um ser único"; continuar adaptado o necessário enquanto vai se conhecendo e se transformando em uma pessoa particular, única, autêntica.
Seguir esta jornada é ir se transformando, se reconstruindo: a cada experiência, a cada reflexão, a cada ampliação de consciência com a integração de novos conteúdos. Toda vez que você segue uma norma guiado pela sua própria consciência, reflexão e escolha, você está dando um passo a mais neste desenvolvimento pessoal.
Toda vez que você flexibiliza e muda o que seja necessário no papel social desempenhado para que isto não te sufoque e reprima sua verdadeira personalidade, você está dando mais um passo.
É preciso certa ousadia, ousar trilhar esta aventura rumo a algo que, de tão valioso, não é possível imaginar! (JUNG, OC 9/2, §83). É um processo que se dá pela vida inteira e ainda assim não há garantia que se chegará num resultado de individuação completa, mas a meta aqui é apreciar o próprio processo e ir se desenvolvendo até onde for possível.
E isto já é sim valioso pois na própria jornada a pessoa vai se fortalecendo psicologicamente para lidar melhor com os problemas, tendo novas ferramentas para ampliar sua qualidade de vida, fazendo suas escolhas de maneira mais consciente e autêntica.
Neste processo de desenvolvimento pessoal ter um apoio especializado faz toda a diferença, afinal, é complicado analisar as próprias atitudes. Até é possível realizar algumas análises, mas de forma mais limitada. Conseguimos ir mais além quando temos um apoio técnico e qualificado ao nosso lado. Ter um auxílio profissional pode auxiliar a se organizar e se compreender com mais clareza e assertividade.
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