Faz alguns anos que eu me dei conta de que a sobrecarga emocional que sentia se devia, em grande parte, a atitude de controlar excessivamente a vida e me conscientizar disto por meio da psicoterapia foi uma libertação!
Em meu percurso como psicóloga e psicoterapeuta também percebo que este é um problema vivido por diversas pessoas. E você, meu caro leitor, se chegou até este post é porque no mínimo tem curiosidade sobre o tema ou no máximo está passando por esta situação também.
Acontece que esta atitude controladora pode levar a estresse, frustração e preocupações exageradas. Para falar sobre, primeiro precisarei explicar em linhas gerais sobre o complexo do Ego.
O Ego, ou o Eu, se refere a pessoa como esta se conhece. É quem deseja e se atenta, quem vai agir de acordo com sua respectiva vontade. O Ego é o centro organizador da consciência, ou seja, quem é responsável por organizar tudo que é consciente - tudo o que sabe, conhece. É quem decide se gosta ou não de algo, quem escolhe se irá ou não enviar aquela mensagem e quem vai ponderar sobre o que fará com os conteúdos inconscientes que vieram à tona por meio, por exemplo, dos sonhos.
Trazendo uma imagem, é como se fosse o coordenador executivo (CEO) de uma empresa (a psique), quem é responsável por organizar pessoas e processos. Ter acesso a esta perspectiva foi uma virada de chave na minha vida pois pude refletir melhor sobre minha postura para com tudo.
Percebi que este lugar de organizar ao invés de controlar era uma possibilidade mais saudável. Apoiando no significado dos termos no dicionário, "controle" remete a fiscalização e monitoramento. Já a palavra "organização" remete a ordenar, arrumar e estruturar. Só por esta definição já dá pra ter uma noção de qual perspectiva é mais leve!
Ver-se como quem organiza os eventos externos e internos é focar em estruturar ao invés de fiscalizar, é ter mais adaptabilidade e flexibilidade. Pois a vida tem imprevistos e variáveis que não estão em nosso campo de decisão e ocorrem apesar de nossa respectiva vontade. Não tem como exercer controle sobre estes imprevistos, mas é possível se reorganizar quando estes acontecem. É recalcular a rota tal qual faz o GPS.
É reconhecer as próprias limitações e assumir que não sabe tudo até porque a consciência é focal e muito passa desapercebido por esta sendo registrado apenas a nível inconsciente. É ter a ciência de que se é apenas o Ego, uma parte de um sistema maior chamado psique que, por sua vez, é constituída por muitos outros complexos e arquétipos.
É entrar no fluxo da vida e, em última instância, confiar no Self ou Si-mesmo, que é ao mesmo tempo a personalidade total e o centro organizador do inconsciente - como o Eu Maior.
Por fim é fazer, dentro do possível, as pazes com esta instância incontrolável e indomável da vida e ter a certeza de que todo o restante da psique está a postos para te auxiliar quando for preciso, basta estar aberto para receber esta ajuda. Você organiza aquilo que está ao seu alcance e o viver fica mais leve. Desejo a você, portanto, mais organização e menos controle. Mãos à obra!
Referências: JUNG, C. G. A vida simbólica: escritos diversos. O/C, v. 18/1. 10. Ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2013.
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Imagem de Bobgudbran por Pixabay
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